Por Cláudio Alcoforado
Todas as crianças britânicas entrevistadas para um estudo da Ofcom (regulador dos serviços de comunicações no Reino Unido) assistiram a material violento na internet, desde vídeos de escolas locais e brigas de rua compartilhados em bate-papos em grupo, até violência explícita, incluindo conteúdo relacionado a gangues. Foi relatado que o conteúdo online violento é agora "inevitável" para as crianças no Reino Unido, com muitas delas expostas pela primeira vez quando ainda estão na escola primária.
Quase todas as principais empresas de tecnologia foram mencionadas pelas crianças e jovens entrevistados, mas os aplicativos Snapchat e Meta, Instagram e WhatsApp, apareceram com mais frequência. Quase todas as crianças desta pesquisa que interagiram com essas contas relataram que foram encontradas no Instagram ou no Snapchat.
O surgimento de poderosas timelines algorítmicas, como as do TikTok e do Instagram, acrescentou uma reviravolta extra: havia uma crença compartilhada entre as crianças de que, se elas passassem algum tempo com conteúdo violento (por exemplo, ao denunciá-lo), seriam mais propensas a serem recomendadas.
Os profissionais do estudo expressaram preocupação com o fato de que conteúdos violentos estariam afetando a saúde mental das crianças. Num relatório separado divulgado na quinta-feira, o comissário para as crianças em Inglaterra revelou que mais de 250.000 crianças e jovens estavam à espera de apoio de saúde mental depois de serem encaminhados para os serviços do NHS (o SUS do Reino Unido), o que significa que uma em cada 50 crianças em Inglaterra está na lista de espera. Para as crianças que acessaram o apoio, o tempo médio de espera foi de 35 dias, mas no último ano quase 40 mil crianças tiveram uma espera de mais de dois anos.
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